Guia áudioJardim das Amoreiras / Jardim Marcelino Mesquita
Jardim histórico junto a um aqueduto do século XVIII, com uma fonte, diversas espécies de árvores e exposições de arte.
No animado bairro de Santo António, em Lisboa, encontra-se discretamente o Jardim das Amoreiras, também conhecido como Jardim Marcelino Mesquita. Este jardim histórico foi criado em meados do século dezoito e deve o seu traçado inicial ao Marquês de Pombal, o estadista visionário que orientou a recuperação de Lisboa após o terramoto devastador dessa época. Mais do que um simples espaço de lazer, o jardim foi concebido para impulsionar a crescente indústria da seda na cidade. No início, foram plantadas mais de cem amoreiras, cujas folhas alimentavam os bichos-da-seda, contribuindo assim para o desenvolvimento da produção de seda nas imediações.
Ao passear pelos caminhos de pedra à sombra das árvores, repara-se facilmente nas folhas características das amoreiras, mas também noutras espécies, como o ginkgo e os imponentes plátanos. O suave murmúrio das folhas mistura-se com o som da água que jorra da fonte circular e elegante no centro do jardim. À volta da fonte, bancos de pedra convidam ao descanso e à contemplação da paisagem tranquila, enquanto um parque infantil e um pequeno lago espelhado ali perto reforçam o ambiente sereno e acolhedor.
Mesmo ao lado fica o Aqueduto das Águas Livres, uma impressionante obra de engenharia do século dezoito. Os seus arcos amplos e o majestoso vão central abasteciam Lisboa com água fresca. O arco mais alto ergue-se num cenário marcante sobre as estradas da cidade, testemunhando o encontro entre a herança histórica e a vida urbana contemporânea. No final do aqueduto encontra-se o Reservatório da Mãe d’Água, desenhado por Carlos Mardel, atualmente sede do Museu da Água e espaço para exposições de arte que ecoam nas suas frescas galerias de pedra.
A poucos passos, no antigo edifício da Real Fábrica da Seda, encontra-se agora a Fundação Arpad Szenes–Vieira da Silva, um museu dedicado à obra de dois grandes pintores modernos. Uma renovação recente trouxe nova luz às galerias e tem cativado tanto a atenção do panorama artístico nacional como da arte internacional.
O Jardim das Amoreiras homenageia ainda Marcelino Mesquita, reconhecido dramaturgo e poeta português, cuja herança literária está intimamente ligada à energia criativa do bairro. Neste espaço cruzam-se o verde frondoso, a arquitetura exuberante em estilos barroco e neoclássico, áreas para a criação e uma forte tradição literária, proporcionando assim uma experiência rica e multifacetada. Aqui, os visitantes descobrem um retrato vivo da evolução de Lisboa, desde a época da seda e dos grandes sistemas hidráulicos até à expressão artística e cultural da cidade de hoje.